♥ Há flores em mim!

Atenta para cada erro que se encaixava perfeitamente nas linhas tortas da poesia que agora lhe tomava de conta.
E não é que todas as suas lágrimas limparam o coração das mazelas acometidas pelo medo de novamente regressar?

Depois de tantos pontos,cansou…
Moça flor.
A flor da moça resolveu entregar-se em vírgulas.

“Mas sem metades por favor(Se vier,que venha tudo de uma vez só, e se quiser vir pela metade,simplesmente não venha).”

Eram seus nós que se desatavam.
Formando-se em lindos laços…
Sorria desesperadamente por não se sabe o quê.
Sabia que aquele era seu lugar,
desde o princípio.
Foi e voltou várias vezes,
e não perdia a mania de teimar e acabar desistindo de si própria no meio dos entrelaçados da rotina;

Seu medo maior de meios e metades vinham dali,não por ser egoísta,mas por ter a nítida certeza que metade nenhuma preencheria seu vazio adocicado.

Com as mãos trêmulas por senti-lo entrar em seu corpo,
apreciava a dor,delicadamente.
Novas sensações absurdas que um novo vírus lhe trazia,
sem cura alguma,seu tratamento eram doses diárias do mais difícil sentimento a ser cultivado.

Desejava provar de todos os sabores que ousou não experimentar;
era tarde,agora nem tudo lhe cabia ao paladar.

O amor tomava conta de seu coração,
mas desta vez,
suspirava como nunca havia feito;

Ouvia calmamente a sua própria acústica.
Floresciam novamente as rosas de seu pequeno jardim de encantos.
Beijava devotamente cada nota que lhe escrevia.
Eram seus sons irradiando a beleza da conexão existente.

Nada lhe sugava o perfume suave das flores crescendo,
haviam delas em todos os lugares do seu corpo,
do falar ao silêncio,
tudo agora resumia-se em flor.

Sentia assim uma energia incontrolável de divagar-se em papel.
Sua natureza lhe parecia tão bela que outrora fez nascer rosas de espinhos.
Alucinações?
Quem sabe?
O amor tem lá dessas coisas,” a gente nunca entende as loucuras advindas de quem embebedou-se de amar”.

Uma,duas,três doses ou mais,quem sabe? Qualquer gota de amor é suficiente para fazer pulsar mais forte um coração  comum.
Qualquer dose diária embebeda de prazer as mais rígidas pétalas.

Estava mais apaixonada do que antes.
Estará a mercê de uma recordação qualquer as vezes,
e as vezes também terá saudades.
É normal.

“Afinal;” o tempo não regressa,
teimosos somos nós que em muitas,
pensamos que tudo pode resolver”,de certo não pode,o tempo é um silencioso barulho incontestável de sentimentos que ninguém ousou desvendar,seria matar a si próprio impedir a sua progressão.Voltemos.”

Mas nada,em nenhum momento de sua vida lhe amou tanto,
e nem nunca ousou deixar de amar,
ou evitar esse amor que lhe mantinha acesa quando todo o resto parecia-se apagar.

Nenhum outro amor lhe trouxe tantos sorrisos,por isso talvez,
teria coragem de  largar “tudo” para seguir a linha que a mantinha perto daquele sentimento,
daquele som,
daquela sinfonia de silêncios que a mantinha vezes despedaçada,
mas que a mantinha,
apesar de tudo,cada vez mais amante.

Era sua.Sabia-lhe “o amor”,de fato,ela nunca lhe fugiu,nunca ocultou,nunca desejou não vivê-lo.

E agora o faz cada vez mais forte,suas raízes uma vez fracas,agora completamente fortificadas embebedam-a de alegria todas as vezes em que sente-o por perto,
e mesmo por lembrar do  palpitar mais forte de seu coração,sorri,desesperadamente,
tem em si a loucura de quem come manga rosa pela primeira vez,
o mais gostoso sabor da vida.Ama.

Um novo amor feito do velho.
Uma reciclagem?Talvez.
Nada lhe fazia sentido.
Amava por que tinha de amar,sem razão alguma,pra quê ter alguma razão concreta para amar,se o próprio amor não se fortifica de razões?

Não digo que amava sem razões,haviam razões,desconhecidas,ou melhor,amava com as razões que lhe faltavam.
Mas amava.

E amar para ela é algo novo,
jamais sentiu tamanho sentimento,
era maior que seu próprio ser,
desta  vez não podia controlar,
e por não estar sob o controle,
aventurava-se numa nova era de si própria.

Cada vez mais apaixonada por todos os sinônimos da palavra amar.
Amava pela primeira vez como se fosse a última.
E era.
A última vez que desistiria de amar pra sempre.

Há flores em si.
Flores “com cheiro de tempestade” completamente perceptíveis,
tinham em si o desejo de querer cada vez mais.

Flores que acalentavam emoções,
capazes de absorver ternura e derramá-la sobre as mãos de quem a tocasse.

Agora irá florescer pra sempre.
Cuidou do seu terreno cautelosamente,
Limpou suas vias áreas da solicitude,entregou-se as cores de uma primavera fora de época.
E ama,romanticamente cada pedaço seu que lhe tomaram de presente.
Ama incontrolavelmente a algo,ou a alguém.

Há flores em si.

Deixe um comentário